Neste artigo você vai aprender de uma forma segura como fazer o desmonte controlado de rochas.

1 – Objetivo

Explosivos Consultoria Desmonte Controlado de Rochas. Esta orientação visa esclarecer sobre os critérios básicos a serem utilizados na aplicação de explosivos no desmonte controlado de rochas, utilizando também a sismografia. Portanto, não tem como objetivo fixar os parâmetros a serem utilizados no desmonte.

A BLAST ENGENHARIA LTDA. Não se responsabiliza por efeitos adversos ocorridos em detonações com a utilização dos parâmetros aqui citados.

Os parâmetros e tabelas aqui apresentados, são orientativos. Entretanto, poderão variar com as condições do ambiente de trabalho local, devendo serem ajustados de acordo essas condições;

  • Condições geológicas das rochas,
  • Qualidade da mão de obra
  • Equipamentos utilizados

Tem acontecido  fatalidades e uma série de incidentes nos últimos anos, certamente causados por “fly rocks”, lançados pela detonação de explosivos.

Os Regulamentos de Explosivos exigem que qualquer pessoa ou empresa que pretendam utilizar e detonar explosivos, além de estarem regularmente credenciados pelos órgãos reguladores, tomem precauções para garantir que as pessoas (incluindo trabalhadores e o público), os quais estejam próximos da área da detonação, estejam devidamente protegidos contra possíveis projeções de fragmentos rochas.

As precauções e cuidados a serem tomados com as pessoas e instalações:

  • As pessoas estejam a uma distância segura, ou
  • Fornecer abrigos seguros à essas pessoas,
  • Dotar a área e volumes a serem detonados com proteções apropriadas.

 

2 – Precauções Desmonte Controlado de Rochas

Para operações de detonações de explosivos em geral, tais como; escavação de poços, valas, drenagem e estradas, isto implica em estabelecer também uma área de risco e exclusão de pessoas (área de evacuação).

Caso não se consiga estabelecer e controlar a área de evacuação com as dimensões necessárias, outro método de execução da tarefa deve ser considerado.

Esta orientação não se aplica a desmonte de rochas com face livre vertical, comumente usado em minerações e pedreiras.

 

3 – Explosivos Calculando Distâncias Seguras – Desmonte Controlado de Rochas

O “fly rock” é tipicamente lançado a partir da região do tampão das cargas detonadas (colar do furo). Ele pode ser controlado projetando-se corretamente os parâmetros da detonação;

  • Tamponamento
  • Perfuração precisa,
  • Espaçamento,
  • Afastamento e
  • Carregamento cuidadoso da carga.

Um projeto de detonação precisa considerar o comprimento do tampão, seu tamponamento e o material utilizado nesse.

O maior controle de risco sobre o quão longe o “fly rock” possa ser lançado, relaciona-se ao diâmetro do furo e ao comprimento do tampão.

Os seguintes fatores também precisam ser considerados ao projetar uma detonação:

  • Comprimento da carga – A distância provável a ser atingida pelo “fly rock”, é reduzida para cargas curtas quando o seu comprimento é menor que oito vezes o diâmetro do furo.
  • Se usar explosivos tipo emulsões bombeadas, o risco aumenta quando os comprimentos de tampão são inferiores a 25 vezes o diâmetro do furo carregado.
  • O risco aumenta ao perfurar e detonar rochas já fraturadas ou enfraquecida por detonações anteriores. Portanto, o BLASTER deve consultar o operador da perfuratriz ou examinar os registros de perfuração antes de carregar os furos.

As tabelas 1 e 2 ajudam a determinar as distâncias de segurança (evacuação) para a configuração das áreas de evacuação, uma vez que o diâmetro do furo e o comprimento dos tampões são conhecidos.

 

4 – Explosivos  – Tabelas para Calcular Distâncias de Evacuação no Desmonte Controlado

As distâncias de evacuação estabelecidas nas Tabelas 1 e 2 são para explosivos   a granel – nitrato de amônio e óleo combustível (ANFO)/ misturas de emulsão com densidade de carga até 1,2g/c³ (Tabela 1) e ANFO com densidade de carga de 0,8g/c³ (Tabela 2) – com um comprimento de carga superior a oito vezes o diâmetro do furo carregado.

As tabelas têm um “fator de segurança” de 150%, ou seja, se o comprimento do tampão em cada furo for igual ao valor apontado nas tabelas. Portanto, o “fly rock” não deve ser lançado a mais de dois terços da distância de evacuação correspondente.

Por exemplo (1):  Se a densidade do explosivo utilizado for de até 1,2g/c³, carregado em furos de diâmetro de 102mm, e comprimento do tampão de 2m. Ou seja, a distância de evacuação deve ser de 300m, mas o possível “fly rock” não deverá alcançar mais que 200m.

Exemplo (2): Se a densidade do explosivo utilizado for até 1,2 g/c³, carregado em furos de diâmetro de 51mm, e comprimento de tampão de 0,9m, a distância de evacuação dever ser de 200m. Ou seja, o possível “fly rock” não deverá alcançar mais que 133m.

A área sombreada em cinza, representam os furos onde o tampão é menor que 25 vezes o diâmetro do furo.

desmonte controlado de rochas

desmonte controlado de rochas

(Tabela distância de evacuação x diâmetro do furo x comprimento do tampão (ANFO/Emulsões))

 

desmonte controlado de rochas

desmonte controlado de rochas

(Tabela distância de evacuação x diâmetro do furo x comprimento do tampão (ANFO))

 

5 – Ajustes para Pequenas Cargas  – Desmonte Controlado de Rochas

Para diâmetros de furos não listados nas tabelas, as estimativas de comprimentos mínimos de tampão ainda podem ser calculadas para as necessárias distâncias de evacuação, usando estas tabelas.

Quando em detonação de rampas, é comum que alguns furos    contenham cargas com comprimentos menores que oito vezes o diâmetro do furo.

 

desmonte controlado de rochas

desmonte controlado de rochas                                                                                                                                                                                                                                      (Fator de ajuste do tampão)

 

 

O tamanho do comprimento mínimo de tampão pode ser reduzido (dos    valores contidos nas Tabelas 1 e 2) para cargas curtas dependendo da razão comprimento de carga/ diâmetro do furo carregado.

A Tabela 3      apresenta ajustes para os comprimentos mínimos de   tampão nas Tabelas 1 e 2 para cargas curtas com várias taxas de comprimento de carga / diâmetro do furo, tanto para as misturas ANFO/emulsão quanto para ANFO.

Por exemplo, se uma carga com explosivo com densidade de até 1,2 g/c³ for carregada em furos de 102mm de diâmetro, e nenhum furo contiver um comprimento de carga maior que 400mm (ou seja, comprimento de carga / diâmetro   < = 4). Então, o comprimento de tampão necessário para uma distância de evacuação de 300m (consulte a Tabela 1) é de 1,7m. (0,86 x 2,0m)

 

6 – Distâncias Mínimas para Detonar Matacões  – Desmonte Controlado de Rochas

Explosivos encartuchados devem ser usados para fragmentar matacos, isto para facilidade do dimensionamento da carga no furo. Altas razões de carregamento podem propiciar o lançamento de “fly rocks” mais de 300m.

Certifique-se de que o furo é perfurado na profundidade correta, centralizadamente no mataco e com comprimento de tampão adequado.

Recomenda-se 0,1 e 0,15 kg/m3, dependendo da condição e tipo de rocha.

Para maior segurança, todos os matacos devem ser cobertos para reduzir o risco de “fly rock”.

 

7 – Explosivos Tamponamento – Materiais

Rochas britadas com fragmentos angulares devem   ser usadas para eficiente tamponamento da carga, evitando ASSIM, a ejeção do tampão    e “fly rocks”.     Este material é mais seguro do que o material arenoso da perfuração (pó), porque propiciam:

  • Intertravamentos
  • Encunhamento dos fragmentos angulosos contra as paredes do furo apresentando maior resistência à ejeção.
  • Desloca a água e mantém propriedades de atrito em furos molhados.
  • Para uma contenção mais eficaz da detonação, a granulometria da brita a ser utilizada, deve estar relacionada com o diâmetro do furo. (ver Tabela 4)

 

desmonte controlado de rochas

desmonte controlado de rochas

(Granulometria do material do tampão)

 

8 – Explosivos Mantas e Proteção – Desmonte Controlado de Rochas

As coberturas de proteção só devem ser usadas como precaução adicional de segurança para todas as operações gerais de desmonte com explosivos. Independentemente do comprimento do tampão, para evitar danos causados por “fly rocks” em pessoas, instalações, estruturas ou equipamentos próximos. Entretanto, para explosões maiores, medidas mais eficazes devem ser usadas para controlar o risco.

As formas comuns de coberturas protetoras são mantas de proteção de pneus ou aço ou 2m de cobertura com areia ou material solo argiloso, isentos de fragmentos de rochas.  As seguintes precauções devem ser tomadas ao usar tapetes de jateamento:

  • Cobrir a rocha com uma camada de areia ou sacos de areia, pelo menos na área do colarinho do furo, para proteger a manta de danos,
  • Apenas os furos que podem ser adequadamente cobertos por mantas de proteção devem ser disparados ao mesmo tempo,
  • Não colocar fragmentos de rocha ou detritos em cima das mantas, pois estes podem se tornar “fly rocks”
  • Se detonar furos em sequência, use apenas detonadores de retardos curtos (milissegundos). Retardos longos podem propiciar o levantamento das mantas de proteção e causando falhas nos furos restantes.
  • Não usar mantas feitas de material metálico perto de linhas de energia aérea.
  • Coloque as mantas com cuidado, evitando danos às conexões de ligação dos acessórios de iniciação.

 

9 – Explosivos Zona de Evacuação e Distâncias  – Desmonte Controlado de Rochas

Uma vez calculadas as distâncias de evacuação, um plano pode ser preparado para a zona de exclusão mostrando as seguintes características:

  • Localização:
  • do local (referência do mapa) e direção do norte
  • e legenda para todos os recursos do site, por exemplo, casas, tubos, acessos
  • de tudo acima e abaixo das superfícies a serem detonadas
  • de quaisquer obras protegidas, locais públicos e instalações vulneráveis
  • da área/objeto a ser detonada e o ponto de disparo e abrigos.
  • da área de armazenamento dos explosivos.
  • do posto de primeiros socorros/primeiros e veículos de socorro
  • do estacionamento de veículos e da área de estacionamento de equipamentos.
  • Contorno para zona de exclusão e distância da detonação
  • Contorno de estradas dentro e indo para fora da zona

 

10 – Pessoas Chave Funções e Atribuições – Desmonte Controlado de Rochas

  • COORDENADOR

Funções:

Coordenação geral do evento, planejamento, dimensionamento de equipes e recursos, estabelecimento da área de risco, dimensionamento do sistema de comunicação e número de rádios a serem utilizados na operação, distâncias de evacuaçao, locação dos postos de controle. Portanto, é dele a responsabilidade geral pela execução do plano.

  • BLASTER

Funções:

Coordenação das operações de carregamento com explosivos e acessórios, cobertura do fogo, emitir previsão de horário para finalização dos procedimentos de carregamento e cobertura do fogo. Ou seja, é dele toda a responsabilidade pelo manuseio e iniciação dos explosivos

  • SUPERVISOR DA SEGURANÇA

Função de coordenação da equipe:

Escalação de profissionais para os postos de controle, escalaçao de profissionais para as tarefas de evacuação de pessoas da área de risco, coordenação dos recursos a serem utilizados na evacuação; onibus, veiculos leves, rádios e ambulâncias. Ou seja, é dele toda a responsabilidade sobre a segurança de pessoas que estejam no entorno da operação de carregamento e detonaçao dos explosivos.

  • SENTINELAS (nos postos de contrôle)

Função:

Garantir o fechamento de acessos à área de risco, não permitindo a entrada de pessoas e veículos na área de risco.

  • EQUIPES DE EVACUAÇÃO

Função:

Promover a evacuação de todas as pessoas que se encontrem dentro da área de risco a ser evacuada.

  • POLICIA

Função:

Garantir a ordem durante os procedimentos de evacuação e detonação.

 

11 – Explosivos Zona de Evacuação – Desmonte Controlado de Rochas

Os procedimentos descritos abaixo devem ser previstos para o estabelecimento da área de evacuação. Os procedimentos devem incluir:

 

  • Reunião e briefing com todas as pessoas que trabalharão no local, com esclarecimentos sobre o  funcionamento da área de evacuação, por exemplo; áreas de espera/tempos aproximados/sirenes de aviso/sinais
  • Detalhes de contato para todos os empreiteiros associados a operações de detonação, incluindo perfuradores, fornecedores, gerenciamento de tráfego, polícia, remoção de resíduos e  operações de plantas na vizinhança,
  • Identificação dos postos de vigia/controle da área
  • Verificações para garantir que sentinelas tenham equipamentos de proteção individual, equipamentos de comunicação (ou seja, rádio portátil e telefones celulares como backup) e outros equipamentos apropriados para as sentinelas antes de se dirigirem a seus postos de controle.
  • Postagem das sentinelas, briefings para eles em sua localização, garantindo também que cópias do briefing estejam em cada posto de controle.
  • Testes de comunicações entre o ponto de disparo / blaster / sentinelas nos postos de controle.
  • Lista com plantas de todas as áreas a serem evacuadas, como casas, estradas, edificações em geral, áreas de descanso, banheiros, sob pontes, e um cronograma para verificação antes do disparo da detonação
  • Implemtentar medidas de controle, como barreiras e sinalização para impedir o acesso a áreas já evacuadas.
  • Uma vez que as sentinelas estejam em posição, verificações de liberação pelo (blaster/supervisor) de todas as áreas da zona, incluindo verificação se as barreiras e sentinelas estão em seus lugares e sinalizações de alerta posicionados.
  • Notificação final pelo supervisor ao blaster e a todos os envolvidos na operação que a zona de evacuação está segura.
  • Execução dos procedimentos de aviso antes do disparo, de acordo com os procedimentos já estabelecidos e conhecidos por todos os envolvidos na evacuação.
  • Detonação.

 

12 – Serviços de Emergência e Outras Autoridades

Todos os órgãos necessários (polícia, bombeiros, exército e controle de tráfego aéreo) devem ser notificados sobre a operação de detonação e a zona de evacuação e detalhes de contato disponibilizados ao SUPERVISOR e pessoal-chave. Os entendimentos e comunicações com os serviços de emergência e outras autoridades, devem estarem suficientemente claros e notificados:

  • Local da detonação
  • Tempos e procedimentos
  • Notificação de incêndio ou detonação ou incidente às autoridades apropriadas
  • Procedimentos para passagem segura de veículos em caso de emergência, como polícia, bombeiros e ambulância dentro e fora da zona de evacuação.

No caso de invasores serem detectados dentro da zona de evacuação:

  • A sentinela relata para o SUPERVISOR DE SEGURANÇA e aguarda instruções adicionais
  • O SUPERVISOR interrompe a sequência do procedimento de detonação
  • A polícia é chamada se os invasores não deixarem a zona de evacuação.

 

13 – Tabelas de Distânicias – Desmonte Controlado de Rochas

As tabelas aqui apresentadas, foram extraidas do:

Australian Standards

Australian Standard AS 2187.2: Explosives – Storage and Use Part 2: Use of Explosives

standards.com.au

The tables and other information in the document have been adapted from:

  1. McKenzie, Blastechnology Australia. Published in the International Society of Explosives Engineers 2009G Volume 2
  • Selection of Stemming Length. A presentation by Cameron K. McKenzie, Blastechnology, Australia, [email protected]